20 de setembro

Como o tradicionalismo virou o centro das polêmicas

Lizie Antonello

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As polêmicas recentes envolvendo os centros de tradições gaúchas (CTG) em Santa Maria e no Estado acabaram abalando o movimento tradicionalista em pleno mês  farroupilha.

Passada a onda do tchê music, proibida nos CTGs, as entidades se viram no centro de novas discussões. Em Santa Maria, caminhões com participantes do Desfile Farroupilha em 2013 foram multados pela prefeitura. O receio de novas multas levou os filiados da 13ª Região Tradicionalista (13ª RT) à decisão de não desfilar neste ano.

Uma semana depois, ainda em meio à outra notícia (14 CTGs foram interditados pelo Corpo de Bombeiros porque não atendiam às exigências de prevenção a incêndio), as entidades voltaram atrás e confirmaram o desfile. Mas não será um desfile completo. Não haverá jurados nem competição pela melhor apresentação. Os troféus Sepé Tiaraju e Sentinela da Querência, neste ano, não serão entregues. 

Enquanto isso, em Santana do Livramento, a discussão que monopolizou a cidade e o Rio Grande do Sul foi o casamento coletivo com a participação de um casal homoafetivo. O CTG Sentinelas do Planalto, que seria o local da cerimônia, foi incendiado, e não pôde sediar o casório. Mesmo o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) dizendo que a entidade não é filiada, a polêmica estava instalada. Ganhou as redes sociais e dividiu opiniões.

_ É lógico que o movimento tradicionalista está sendo abalado por isso. Mas, o problema é enxergar o tradicionalismo como em 1950, quando ele foi criado. Hoje, ele vai muito além. Os tradicionalistas estão nas redes sociais. Os eventos são enormes. Eles têm um código de ética e têm de ser respeitados como grupo. Mas, como outros setores e instituições, estão dentro de um Estado _ pondera a antropóloga e coordenadora do curso de Ciências Sociais da UFSM, Ceres Karam Brum.

_  O movimento está sofrendo um baque muito grande. Mas não vai acabar. Vai se fortalecer _ reflete uma das referências do tradicionalismo no Estado, o ex-coordenador do MTG e santa-mariense de coração, Erival Bertolini.

:: Leia a íntegra da entrevista com o tradicionalista ::

Coordenador da 13ª RT, Ildo Wagner, é conhecedor da rotinadas entidades e não nega que a polêmica dos CTGs interditados causou impacto:

_ Um desconforto e um impacto. Não tem como dizer para uma criança que não vai ter evento no CTG que ela tanto ama por causa de um extintor. As pessoas não podem esquecer que somos entidades que cultuam o tradicionalismo durante todo o ano. Por isso, acreditamos que os CTGs poderiam ter sido notificados antes. Não só na Semana Farroupilha. Nós nem existimos nessa lei (de prevenção a incêndio). Não somos clubes sociais, nem boates nem bares. Queremos ser cobrados, mas com leis para nós.

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